Soube que estava grávida, via teste de gravidez positivo, num domingo no início de Fevereiro. Liguei ao meu médico no dia seguinte e a consulta da confirmação foi no dia 24 de Fevereiro. A sensação que tenho é que estive grávida todo o ano de 2014.
As mudanças impostas pelo estado de graça foram mínimas. Sempre me pareceu que gravidez não é doença e por isso fiz questão de fazer a vida normal.
As principais alterações foram mesmo na alimentação. Cortei os crus, as cascas, os enchidos. As comidas picantes e pesadas já não faziam parte da dieta, por isso nada de novo neste campo. Mas tive saudades de sushi, de uma boa salada, de uma tosta mista. Algumas destas coisas poderia até ter comido, se previamente congelado (no caso do fiambre) ou de molho em vinagre, mas nunca calhou. Outras coisas que me apetecia ter comido: francesinha (Deus sabe como me custou pedir uma "francesinha de queijo" no melhor restaurante da especialidade), mousse de chocolate e sushi. Sushi também, não sei se já disse.
Como passei o Verão todo grávida, há todo o ritual de sair à noite e beber um copo que me passou ao lado. Especialmente nas férias, em que juntamos os amigos rumo ao bar de sempre e em que é pouco agradável ficar a chá. Valeram-me ainda assim durante o dia os cocktails sem álcool, a substituir (malzinho..) o panaché gelado ou a sangria na esplanada em cima da praia. Ainda assim, sobrevive-se e dá sempre para vingar nos gelados (A descoberta do Verão).
Alimentação à parte.
Não enjoei uma única vez durante a gravidez toda.
No primeiro trimestre tinha muito sono, tanto sono que julgava adormecer na secretária a qualquer momento, mas esse foi mesmo o único sintoma. Ao final do dia, chegando a casa, só me apetecia dormir, dormir e dormir. Foi melhorando com o tempo. Tanto que no final do tempo queremos dormir e não dá..!
Azia.. tive creio que três dias de muita azia nos nove meses.
Um desses dias provocado por pura estupidez (bebi sumo de laranja natural, seguido de limonada rabo de gato) e passei um dia muito mau. Mas poder contar pelos dedos as mãos (e ainda sobrar) as vezes que fiquei mal disposta, é na verdade uma bênção.
O efeito mais chato de todo o processo foi mesmo o inchaço do último mês. Passei Setembro com as mesmas sandálias abertas (fizesse chuva ou sol) porque era o único par de calçado que me servia. Na última semana a aliança passou para o dedo mais pequeno porque no sítio certo corria o risco de ter de ser arrancada a alicate. Mãos e pés sofreram ligeiramente no fim do tempo. Mesmo pondo as pernas ao alto, mesmo usando cremes de menta refrescantes, mesmo tendo feito algumas sessões de drenagem linfática, mesmo tomando um medicamento para esse efeito. Sem hipótese. Algum alívio mas nada mais. Pés e mãos já tinham voltado ao sítio quinze dias depois do parto. Portanto, incha, desincha e passa.
De resto, deixei o ginásio porque as aulas que fazia não me pareceram compatíveis com um bebé na barriga mas mantive sempre a actividade física. Fui a pé para o trabalho todos os dias até talvez duas ou três semanas antes do fim da gravidez - porque caminhar acelera as coisas e os 3 km. diários podiam desencadear um prematuro e andei de bicicleta enquanto o barrigão deixou. Procurei ter o mínimo de restrições possíveis e fazer a vida normal. Trabalhei até à véspera.
No último mês dormir tornou-se um desafio, não só pela falta de posição, como pelo acordar constante. A dada altura sinto que deixei de me mexer e passei a rebolar na cama, sempre que tinha de mudar de posição. Andar em pé passou também a fazer-se mais lentamente e nos últimos dias andava realmente muito devagar.
Peso?
Engordei dez quilos, contas redondas. Achava que nove era o meu limite mas no fim do tempo a engorda foi mais rápida do que estava à espera (a retenção de líquidos também não ajudou). Duas semanas depois do parto tinha exactamente o mesmo peso que a balança mostrava antes de engravidar e quatro semanas depois, estava ligeiramente abaixo. Milagres da amamentação. À data de hoje, continuo a querer perder quatro quilos, para cumprir a minha promessa de vestir o meu vestido de noiva no dia em que fizer três anos de casada. Lá iremos.
Tirei fotografias da barriga todas as semanas e vê-la crescer era uma alegria. Usei cremes anti-estrias desde o primeiro dia e, por esse motivo ou por outro qualquer, não fiquei com uma única estria. A forma do corpo no entanto ficou bastante diferente. Mais larga e a barriga mais mole (o exercício vai levar-me ao sítio, espero). Mas no próprio dia do parto o barrigão desapareceu completamente. Fenómeno extraordinário. O meu afilhado perguntava o que tinha acontecido à minha barriga e se era como um balão. Acho que deve ser. De manhã era uma bola gigante e dura, à tarde só estava lá a minha barriga de sempre, mas mais mole. Um mês e pouco depois do parto ainda não retomei o exercício físico mas tenho alguma esperança que, retomando, a coisa volte ao sítio.
Alterações de humor e ataques hormonais, não identifico nada. Talvez quem comigo convivesse tenha alguma razão de queixa mas honestamente acho que me mantive equilibrada. As hormonas só atacaram depois!
Sempre quis ter filhos e questionava-me sobre todo processo, como seria estar grávida, o parto, o pós, a amamentação.
Hoje já posso dizer que estar grávida foi absolutamente maravilhoso. Adorei todos os dias e, depois do primeiro filho, continuo a querer ter quatro.
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